Venho acompanhando de fora os desdobramentos da greve dos professores em São Paulo. Como morador do Rio, não vivo “na pele” o problema, o que me impede de fazer um juízo completo se as reivindicações da categoria são justas ou injustas, se possuem ou não propósito ou se são “partidárias”, apesar de seu caráter político, no sentido primaz da palavra. Agora, reduzir a discussão a uma “greve contra o pobre”, como faz Gilberto Dimenstein, peraí!
O nobre colunista da “Pholha”, um dos tentáculos do PIG, afirma, entre outras coisas, que a greve pode revelar que a categoria é a favor do “absenteísmo” e “contra os méritos para a progressão na carreira”. Em outras palavras, Dimenstein tenta nos convencer de que, em sua maioria, o professor que adere à paralisação é um profissional preguiçoso, que quer sempre receber mais do que merece e que quer mais que o pobre se foda, em todos os sentidos que o termo pode abranger.
Claro que existem maus professores. Aliás, a figura do mau profissional é um mal comum a todas as profissões. No serviço público, então, é responsável por um estigma, quase uma maldição. O problema, a meu ver, parece a falta de um política consistente de formação para a progressão do servidor. E aí, um plano de carreira sério, responsável e coerente ainda é a saída contra as invencionices de gente, como o Sr. Gilberto Dimenstein, que sequer sabe o que significa dar aula em uma sala úmida e mal ventilada em Queimados, na favela da Rocinha ou na Zona Leste de São Paulo e fazer seu aluno acreditar que é o estudo, e não a porra de um fuzil, o passaporte para uma vida melhor.
Não sou contra a política de formação. Também não sou contra cobrar do servidor sua responsabilidade com a população mais carente, seu público e verdadeiro patrão. Sou sim contra a politiquinha cínica e nefasta do acordo do rabo preso, comum nas escolas país afora, na qual a maioria dos governos faz vista grossa e cujo mau profissional adora se abalizar.
Para que haja avanços de fato e de direito para o trabalhador, em prol da população, é preciso:
• Que o sindicato, noves fora a pulverização de tendências políticas e interesses difusos que venha a ter, seja o canal de negociação entre governo e categoria, agindo com compromisso, responsabilidade e coerência diante dos interesses da maioria dos trabalhadores na educação.
• Que o governo, independente de sua corrente ou tendência, mantenha sempre o diálogo com o sindicato, excluindo as diferenças políticas de cada lado, agindo dentro da responsabilidade fiscal e de seu compromisso para o qual foi escolhido pela população.
• Que a população torça para uma solução rápida para o impasse, cobrando tanto do governo quanto do sindicato, soluções que não prejudiquem o andamento do serviço público no futuro.
• E que o senhor, caro Dimenstein, CALE A BOCA!
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