Definitivamente são dias muito estranhos. Há quase uma semana, aqui no Rio, deixamos de ser alvos de balas perdidas e arrastões de costume e parece que viramos figurantes de um filme do Capitão Nascimento, cada vez mais longe de um final feliz. Carros incendiados, toque de recolher, boatos, verdades, mentiras e oportunismo incorporaram-se à nossa rotina de caos urbano, promovida pela "malandragem "que age em tempo real, ao vivo para todo o Brasil.
Malandragem?!?
Há muito tempo que o malandro deixou de ser mané. Hoje ele é profissional, tem possibilidade de "ascenção na carreira", pois o olheiro de hoje pode virar o gerente da boca amanhã; tem treinamento militar, com táticas de guerrilha e de sobrevivência no morro; tem armamento pesado, com canhões de mira a laser, bazucas e metralhadoras antiaéras; e, principalmente, grana, MUITA grana.
Tudo financiado, em parte por uma horda de garotos e garotas cariocas, suíngue sangue bom, que não vê nada de mais dar um dois para aliviar a tensão; parte por gente graúda, que lucra fácil (e alto) com a criminalidade e não se ressente em ter que matar para poder continuar lucrando.
Nada pessoal. São apenas negócios.
E aí, amigo, "o riso rola fácil quando a grana corre solta". Para eles e para o tradicional "arrego", aquele "do guarda", "pra dar uma moral". Isto não pode faltar! Se falta, alguma coisa tem que ser feita.
O programa minha comunidade, minha UPP virou um sucesso! Agora, todo morador de uma área atingida pelo Crime S.A. sonha com uma unidade policial na porta de sua casa, disposta a protegê-lo e dar -lhe um tapa na cara sem perguntar o motivo.
E aí, como capitalistas que somos, quando um negócio quebra, é preciso uma nova estratégia.
Afinal, precisamos garantir o meu, o seu, o deles e o "nosso".
O que fazer? Escracha! Larga o aço! Pra cima deles!!!
É o popular "bota pra fuder".
A mídia precisa de um mocinho, um bandido e, claro, um bom furo de reportagem.
Temos um Capitão Nascimento, super herói sem capa ou identidade secreta, disposto a resolver todos os problemas.
Temos a bandidagem, esse sujeito indeterminado, que não tem nada a perder.
Temos uma reportagem incansável, disposta a mostrar tudo em tempo real e sem cortes ou eufemismos.
E temos nós...
Se o inimigo agora é outro, quem é o verdadeiro inimigo?
A culpa é de quem?
A culpa é de quem?
Será que nosso heroi conseguirá sair dessa? Não perca nosso próximo episódio aqui, neste mesmo horário e neste mesmo canal!
Em tempo: Li há poucos dias que a Polícia Rodoviária Federal apreendeu um fuzil em dois anos. UM FUZIL!!! Daí me pergunto: de onde vêm todas aquelas armas que são exibidas pelo tráfico na hora do jantar? Será que chegam enfiados no orifício rugoso da anatomia dos malandros?
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