O cinismo invade a nossa sala, bem na hora do jantar. Sob o pretexto de denunciar irregularidades e comover o telespectador antes da novela, o casal telejornal dá plantão em frente à montanha de lixo, concreto, chorume e morte que virou a "comunidade" do Morro do Bumba, em Niterói.
Mais uma vez, o desespero das vítimas do horror, o grito de dor e as lágrimas dos sobreviventes nos toca mais fundo do que a mocinha. Se fosse colocado um fundo musical, viraria uma final de big brother. Diante disso, temos, enfim, a glorificação das mazelas, do descaso, do cinismo. Do NOSSO cinismo.
O telejornal é cínico, pois destina quase que a totalidade de seu tempo para a tragédia, com direto a "melhores momentos". Fotos, imagens de arquivo e informações desencontradas com um único objetivo: vender a tragédia.
As autoridades são cínicas, pois oficializaram a área de risco, empurrando com a barriga uma desgraça anunciada há vinte anos. Para não perder votos, se esquecem de que ali havia um lixão, jogam uma camada de piche, espalham gambiarras e criam sumidouros para depois chamar de urbanização.
E nós, somos cínicos, pois fechamos os nossos olhos diante do perigo iminente, não cobramos a responsabilidade de quem deveria e aplaudimos quando oficializam a favela, a desordem e o caos metropolitano. Se ficarmos incomodados, basta colocar placas decoradas ao longo da linha vermelha e pôr um lenço perfumado na cara que o problema está resolvido.
Detalhe no tempo que a Globo e o Sr. Homer Bonner perderam tentando direcionar a tragédia do Rio para o Governo Lula. "É Fantástico!"
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